terça-feira, 9 de março de 2010

Velhice

A artrite, o reumatismo
As dores adquiridas pelo empirismo
Desta vida
Falida
Diagnosticamente inflamada
Molestada
Pelo barulho de uma cidade engarrafada
Os nervos que latejam pedindo socorro
Os olhos que não mais enxergam o espinho
Cabelos crespos, dentes amarelos
Voz perene, boca sem carinho
Folhas brancas nos cadernos antes ilustrados
Língua que não reconhece vinho
Títulos, historias, bulas
Costas aquecidas
A brancura escorregadia da alma
Querendo transpor o corpo
O copo d’água, o remédio, a cura
O mesmo assunto todo dia
O amor crescendo no coração
Que sangra ainda poucas alegrias
Numa antropofagia crua
Com a mesma calma
Da enfermidade que me roe
De leve
A alma.

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