terça-feira, 9 de março de 2010

Que assim sejas!


Era noite alta;
Quando você pisou nos cômodos de minha casa;
Tinha a elegância fina do cinema;
E a leveza clássica de um poema;
Teu perfume tomou o corredor;
E fez-se claro o breu dos meus umbrais;
Em teu olhar jazia um punhal;
Que logo faria submeter-me a tudo;
Desesjos teus, carnais;
Era louca e vaidosa;
E tinha a pele tão sedosa;
Que ao encostar em mim teus lábios;
Tua cintura escorregou em meus braços;
Morena, visita minha oportunista;
Seria gueixa ou artista?
Que seja noite, gueixa e arte enquanto ficas!
Fugitiva do teu lar;
Veio buscar um pouco de amor;
De perigo e talvez, dor;
Se teu marido não te dar o que desejas;
Eu te direi também: Que assim sejas!
Eu quero o tiro bem dado na minha testa;
Quero o poder de ser o teu bandido;
Quero ser no fogo o teu carvão;
O teu refúgio nas noites de solidão;
Sem te lembrar dos filhos;
E ser assim minha mulher;
Evangélica e fetichista;
Saindo de manhã pela janela;
Viúva de teus atos;
Colericamente agradecida.

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