terça-feira, 9 de março de 2010

Saudade

Quero pegar tua mão
E enrolar teus cabelos
Meus dedos lhe são, todo o tempo
Atenção
Quero teu olhar
A tua pele
Me revele teus sonhos.
Quero tua raiva
E doçura sem cura
Quero teu perdão
Tua sublime indecisão
Teu asco
Tua glória
E tambem quero não.

Agora quero
Te deixar em paz
E me deixar durmir
Com teu corpo de luz e escuridão
Com as mãos nos cabelos,
Deitados,
Joelho a joelho
Todo o tempo da paixão
Com luxuria
Mistura de cor
Ou sentimento
Quero tudo bem solto
Inconsistente e indefinido
Sem nenhum motivo
Para acabar.

Quero amar o fólego
Abrir o peito
E me deixar cair em teus
Braços, noivos de mim
Saber partir o pão
E mandar presentes
Querer te dar toda a indiferente melodia
A alegria confusa
Indecifrada
De um dia sem ti.

Ao tempo em que me chega
Um vento triste
Lamentoso
Buscando uma ponta
Um ponto de lembrança tua
Valsando com minha angustia
Nua
No salão deserto
Sem convidados
De portões abertos
E sem telhados
Nesta cidade, minha,
Saudade.

Mas não me espere
Não me guarde
Não me governe
Nem me ilumine
Santo anjo pecador
Se a ti me confiou a liberdade divina
Nunca me reze
Nem me arrase
Nunca afaste de mim
Esta sua, saudade
Que vaga
Ora queita
Ora empolgada
Indiscreta
Perfeita, malvada
Delegada
Desta prisão
Reservada a mim.

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