terça-feira, 9 de março de 2010

O tubarão

Se eu fosse um tubarão
Eu te buscaria no escuro das águas profundas dos mares
No navio naufragado, sentiria ainda as últimas gotas de teu sangue quente
E o teu pulso ainda teria leves batidas inconciêntes;
Se eu fosse um tubarão
Eu comeria com minhas grandes prezas, toda incerteza de tua vida inundada
E mastigaria ainda todo seu futuro
Meu sexto sentido avisaria cedo, antes de tudo
Do hostil medo do segredo do navio
De quem primeiro viu o timão afundando;
Te buscaria no mar em meio ao sangue e a espuma
Como um louco que não quer largar
Morderia primeiro a tua bunda, antes de outro,
Lhe comeria os orgãos sem paciência
Sentindo o pulso do teu corpo reclamar;
E nos estalos de teus ossos em minha boca
Nênia triste ouviria-se soar
Das cordas vocais do teu pescoço;
Enquanto outros devoravam sem paixão toda imensa embarcação
Seguia eu, minha natureza, com a certeza
De quem tinha feito uma bela refeição;
E por último
Satisfeito
E com um quê de alegria
Acabaria sua agonia
Engoliria teu coração
Num manifesto reticente
Entre a raiva e o estar doente
Com todo o dolo de um tubarão

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