terça-feira, 9 de março de 2010

Parti

Parti
Joguei tudo no chão
A idéia, a lógica, a emoção
Subjulguei todas as línguas.
As lindas, feias, horríveis
Quase todas tive
Perdi o canto, a voz de santo
O manto da minha ferida
Minhas visitas desencontradas
Xinguei todas na partida
E ninguém viu!
Parti então
Sem remorso
Como um ladrão que furta a casa do patrão
O agiota que dobra o deputado
A mãe que deixa o filho adoentado
Fui assim
Com dó de quem me encontrava
Mudo, sem razão, nem pensamento
Um enorme vazio de ser
Mutante de mim mesmo
Sem artigo, sem conceito
Rarefeito, irregular
Desejando não parar
Apenas...
Viver partindo
Sem nunca mais chegar.

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