A loucura é a coisa mais fascinante que existe
Com ela, tudo se faz como a primeira vez.
Amargura vira humor
E no terror se faz o riso.
Na loucura, não é preciso embasamento,
Certidões ou documentos
Tudo é vivido no calor do sentimento.
O silencio é clarão
Musica se faz nos dentes
E ainda chamam de dementes:
Os que têm paixões por formigas
Amizades por árvores
Os que usam cocaína
Ou os que não comem carnes.
As manias de Homero?
O fio da vida, que as três “moiras” agitam eternamente?
Ainda não são suficientes para traduzi-la.
Loucura não tem tradução
Vem tudo do abismo mais fundo do coração
Que quando ele- louco- late,
Da escuridão, no inconsciente,
Ecoa poesia
Na vida da gente.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Lamento Catingueiro
Sou barro do chão que nunca foi pisado
Areia branca que nunca soprou
Capim molhado que ainda não foi castrado
Peneira enferrujada, enxada de plantador
Eu sou os campos serenos de mata virgem
Eu sou fuligem de carros que nunca vi
Eu sou a selva fechada, a mala velha
Meu amor sou sentinela que nunca ousou dormir
E no meu peito passava um grande rio
O mesmo rio que nunca atravessou
Molhava os pés, bebia uma mão de água
Saia sem dizer nada e o tempo assim passou
Eu fui pisado, virei redemoinho
Os bois comeram o capim do meu amor
E eu cessei minha dor com a peneira
Com enxada fiz besteira lutando com os lavrador
Os nossos campos foram devastados
O grande rio o homem transportou
Os empresários tomaram as nossas terras
Fizeram monte de guerra, isso nunca se acabou
Vieram os carros, sobraram poucas carroças
E as pessoas começaram a se mudar
Os povoado, a terra, o universo
Para mim sobrou o verso, não conseguiram tirar
O meu lamento é que nem o dos passarinhos
O pouco ninho que não se derrubou
E meu amor ainda estar tão bela
Bebe água na janela, olhando pro que sobrou
Eu sou caboco do mato, sou catingueiro
Sou violeiro cantando a minha dor
Minha alegria é a minha poesia
Com gosto de água fria, que eu bebo no calor
Areia branca que nunca soprou
Capim molhado que ainda não foi castrado
Peneira enferrujada, enxada de plantador
Eu sou os campos serenos de mata virgem
Eu sou fuligem de carros que nunca vi
Eu sou a selva fechada, a mala velha
Meu amor sou sentinela que nunca ousou dormir
E no meu peito passava um grande rio
O mesmo rio que nunca atravessou
Molhava os pés, bebia uma mão de água
Saia sem dizer nada e o tempo assim passou
Eu fui pisado, virei redemoinho
Os bois comeram o capim do meu amor
E eu cessei minha dor com a peneira
Com enxada fiz besteira lutando com os lavrador
Os nossos campos foram devastados
O grande rio o homem transportou
Os empresários tomaram as nossas terras
Fizeram monte de guerra, isso nunca se acabou
Vieram os carros, sobraram poucas carroças
E as pessoas começaram a se mudar
Os povoado, a terra, o universo
Para mim sobrou o verso, não conseguiram tirar
O meu lamento é que nem o dos passarinhos
O pouco ninho que não se derrubou
E meu amor ainda estar tão bela
Bebe água na janela, olhando pro que sobrou
Eu sou caboco do mato, sou catingueiro
Sou violeiro cantando a minha dor
Minha alegria é a minha poesia
Com gosto de água fria, que eu bebo no calor
segunda-feira, 15 de março de 2010
O vento da poesia
A poesia é livre como o vento
O vento silencioso que não vemos
O vento forte que de longe ouvimos
O vento que faz som na fresta da porta
O que passa pelo buraco da telha
O que sacode os nossos cabelos.
Os bons ventos que trazem notícia boa
E aqueles que nos praguejam nas horas difíceis
A mão do vento que espalha sementes
Que arrasta as nuvens
E manda a chuva pra terra
A cauda do vento que arrasa as cidades
Com suas tempestades.
O vento sem olhos
O cego vento
Que ler o braile da vida.
O vento andarilho
Que sabe da ida e da vinda do vão dos caminhos.
O vento ignóbil
O sereno vento
O lamento imóvel
E a saudade dos tempos
A felicidade repentina
E a profunda tristeza
A frieza da mentira
E o sentimento da certeza
De que cada uma-poesia-
É singular ao tempo em que criaste
Ao momento em que passou o vento
Na árvore da arte.
O vento silencioso que não vemos
O vento forte que de longe ouvimos
O vento que faz som na fresta da porta
O que passa pelo buraco da telha
O que sacode os nossos cabelos.
Os bons ventos que trazem notícia boa
E aqueles que nos praguejam nas horas difíceis
A mão do vento que espalha sementes
Que arrasta as nuvens
E manda a chuva pra terra
A cauda do vento que arrasa as cidades
Com suas tempestades.
O vento sem olhos
O cego vento
Que ler o braile da vida.
O vento andarilho
Que sabe da ida e da vinda do vão dos caminhos.
O vento ignóbil
O sereno vento
O lamento imóvel
E a saudade dos tempos
A felicidade repentina
E a profunda tristeza
A frieza da mentira
E o sentimento da certeza
De que cada uma-poesia-
É singular ao tempo em que criaste
Ao momento em que passou o vento
Na árvore da arte.
Bebo por habito
Para tirar o hálito do tempo
de minh'alma
bebo por prazer
para não ter que explicar muito
e ficar saboreando as dores dos sentimentos
Bebo para largar meu tempo
ao relento
para vomitar invejas
mitigar conceitos
derramar defeitos nas mesas de quem bebe comigo
Bebo para sorrir, exuberar,
para mostrar o outro
que sou eu mesmo
envolto num mar bem solto
Ou por vezes,
menos obvias,
me embriagar de pólvora
e me queimar
Bebo para não ter memória, nem melodia
e remoer as vezes os cascos de vidro de minha fantasia
bebo, saindo assim sem culpa e sozinho
pulando na ultima garupa do caminho
Bebo, bebo sem medo de me perder,
nos sonhos de uma noite de poesia,
de vetustas galerias
orquestras em precipícios
Bebo assim, num declive qualquer
no subúrbio de uma mulher
que nunca me quis assim!
Bebo para sonhar
para não inventar historias
comemorar vitorias
sem jogar fora sua ficção
para perder o fôlego das idéias mais sublimes
para ferir as carnes duras da minha canção
Bebo, para colar gravuras
em muros cinzas
escavar saídas sem solução
para cheirar, sentir o ar onde se torna rarefeito
e respirar
Bebo para provocar cataclismos
asteróides nocivos, povoando meu sangue
contemplar a fadiga
a figura mendiga
de um pedaço de vida
num pedaço de pão
Bebo para sangrar os meus pontos
fugir as ressacas
loucuras sensatas
misérias, valias...
Bebo e não espero cura
e não lhe quero amar
bebo apenas a poesia pura
como qualquer cliente
na mesa deste bar.
Para tirar o hálito do tempo
de minh'alma
bebo por prazer
para não ter que explicar muito
e ficar saboreando as dores dos sentimentos
Bebo para largar meu tempo
ao relento
para vomitar invejas
mitigar conceitos
derramar defeitos nas mesas de quem bebe comigo
Bebo para sorrir, exuberar,
para mostrar o outro
que sou eu mesmo
envolto num mar bem solto
Ou por vezes,
menos obvias,
me embriagar de pólvora
e me queimar
Bebo para não ter memória, nem melodia
e remoer as vezes os cascos de vidro de minha fantasia
bebo, saindo assim sem culpa e sozinho
pulando na ultima garupa do caminho
Bebo, bebo sem medo de me perder,
nos sonhos de uma noite de poesia,
de vetustas galerias
orquestras em precipícios
Bebo assim, num declive qualquer
no subúrbio de uma mulher
que nunca me quis assim!
Bebo para sonhar
para não inventar historias
comemorar vitorias
sem jogar fora sua ficção
para perder o fôlego das idéias mais sublimes
para ferir as carnes duras da minha canção
Bebo, para colar gravuras
em muros cinzas
escavar saídas sem solução
para cheirar, sentir o ar onde se torna rarefeito
e respirar
Bebo para provocar cataclismos
asteróides nocivos, povoando meu sangue
contemplar a fadiga
a figura mendiga
de um pedaço de vida
num pedaço de pão
Bebo para sangrar os meus pontos
fugir as ressacas
loucuras sensatas
misérias, valias...
Bebo e não espero cura
e não lhe quero amar
bebo apenas a poesia pura
como qualquer cliente
na mesa deste bar.
Terra Vermelha
Eu nasci na terra vermelha
Onde o sol queima a terra e a mão
Nos meus olhos a chuva não chega
E se chega não molha o chão.
O meu tempo é o tempo do dia
E a noite o tempo é do violão
Se não tem lua eu canto baixinho
Cantilena para afastar a escuridão.
No domingo não perco a feira
Ver os amigos de cachaça e de prosa
Pros meninos eu levo uma esteira
Pra mulher levo uma dúzia de rosas.
Pego o prumo da carroça e levanto
A poeira que assanha o meu norte
O meu o rumo é o destino da vida
“Meu destino é maior que a morte”.
Se tem água nois enche as bacia
Tenho um boi, duas cabra e dez galinha
Se der certo ainda compro minha terra
Lá na serra longe das livuzia.
Vou vivendo a vida assim
Dia bom outro dia ruim
Fé em Deus eu tenho e não perco
E se perco não terá sido o fim!
Onde o sol queima a terra e a mão
Nos meus olhos a chuva não chega
E se chega não molha o chão.
O meu tempo é o tempo do dia
E a noite o tempo é do violão
Se não tem lua eu canto baixinho
Cantilena para afastar a escuridão.
No domingo não perco a feira
Ver os amigos de cachaça e de prosa
Pros meninos eu levo uma esteira
Pra mulher levo uma dúzia de rosas.
Pego o prumo da carroça e levanto
A poeira que assanha o meu norte
O meu o rumo é o destino da vida
“Meu destino é maior que a morte”.
Se tem água nois enche as bacia
Tenho um boi, duas cabra e dez galinha
Se der certo ainda compro minha terra
Lá na serra longe das livuzia.
Vou vivendo a vida assim
Dia bom outro dia ruim
Fé em Deus eu tenho e não perco
E se perco não terá sido o fim!
Solidão
Quem é que esta batendo no portão
A noite é fria
O vento é forte
O tempo corre pelas mãos
Quem é que esta lá fora neste frio
Esta sozinho
Esta com fome
E se tem nome é solidão
Quem é?
Será que escuta o que eu penso?
Será que sabe o que quer?
Será um homem ou um menino?
Tomara seja uma mulher
Quem é?
Que escancare este portão
Me quebre a porta ou cave o chão
Se é solidão não vai fazer
Não quer entrar só quer bater
Por quê?
Se é solidão é só você
Se ela entrar não vai mais ser
Se atravessar este portão
A solidão há de morrer.
A noite é fria
O vento é forte
O tempo corre pelas mãos
Quem é que esta lá fora neste frio
Esta sozinho
Esta com fome
E se tem nome é solidão
Quem é?
Será que escuta o que eu penso?
Será que sabe o que quer?
Será um homem ou um menino?
Tomara seja uma mulher
Quem é?
Que escancare este portão
Me quebre a porta ou cave o chão
Se é solidão não vai fazer
Não quer entrar só quer bater
Por quê?
Se é solidão é só você
Se ela entrar não vai mais ser
Se atravessar este portão
A solidão há de morrer.
terça-feira, 9 de março de 2010
Pobre homem
O homem que não dormia,
não sorria e não fumava.
Era um louco atormentado
sitiado de agonia.
O homem que não dormia,
aquarelas não pintava
não usava do bom senso
não era propenso a nada.
O homem de olheiras roxas
era um pobre de matéria
artéria de má circulação
tinha medo das palavras
exalava escuridão.
Este homem já sabia
que a vida assim usava
de ardilosa emboscada
em tudo aquilo que fazia.
Areava as fantasias
nas ladeiras das escadas
pelas quais tão bem desciam
baianas compenetradas.
O homem que não dormia
era fraco, jazia só...
Era o pó, do pó, do pó
destemidamente nas esquinas.
Olhava ao ermo
sem emoções
discernimento
ou ambições.
Era triste vê-lo
nas vitrines da ruas
sem nenhuma candura.
Criatura esquecida
pelos sonhos de uma noite bem dormida.
O homem que não dormia
sentia frio.
Era aterro abandonado pelo tempo
era vento que vagava nos abetos mais estreitos do coração.
O homem que não dormia
O homem que não dormia
era louco
amava as pedras
as selvas e as cercanias
ardia em febre
não tinha fome
nem tinha nome
era só mesmo um pobre homem
que vagava triste,
anonimamente
num dia de sol
na calçada da avenida
do bairro de tua vida.
Velhice
A artrite, o reumatismo
As dores adquiridas pelo empirismo
Desta vida
Falida
Diagnosticamente inflamada
Molestada
Pelo barulho de uma cidade engarrafada
Os nervos que latejam pedindo socorro
Os olhos que não mais enxergam o espinho
Cabelos crespos, dentes amarelos
Voz perene, boca sem carinho
Folhas brancas nos cadernos antes ilustrados
Língua que não reconhece vinho
Títulos, historias, bulas
Costas aquecidas
A brancura escorregadia da alma
Querendo transpor o corpo
O copo d’água, o remédio, a cura
O mesmo assunto todo dia
O amor crescendo no coração
Que sangra ainda poucas alegrias
Numa antropofagia crua
Com a mesma calma
Da enfermidade que me roe
De leve
A alma.
As dores adquiridas pelo empirismo
Desta vida
Falida
Diagnosticamente inflamada
Molestada
Pelo barulho de uma cidade engarrafada
Os nervos que latejam pedindo socorro
Os olhos que não mais enxergam o espinho
Cabelos crespos, dentes amarelos
Voz perene, boca sem carinho
Folhas brancas nos cadernos antes ilustrados
Língua que não reconhece vinho
Títulos, historias, bulas
Costas aquecidas
A brancura escorregadia da alma
Querendo transpor o corpo
O copo d’água, o remédio, a cura
O mesmo assunto todo dia
O amor crescendo no coração
Que sangra ainda poucas alegrias
Numa antropofagia crua
Com a mesma calma
Da enfermidade que me roe
De leve
A alma.
Natureza
Descarto as luvas
As ruivas e as uvas.
Quero a morena,
Tocar o sangue.
Provar teu gosto quente
Cravar os dentes,
Desesperadamente.
Quero correr perigo a prôa
Me afogar em tua lagoa
Quero ser feliz!
Arrancando-lhe a raiz
Causando-lhe dor
Molhando minha terra seca
Com o sangue do teu amor.
As ruivas e as uvas.
Quero a morena,
Tocar o sangue.
Provar teu gosto quente
Cravar os dentes,
Desesperadamente.
Quero correr perigo a prôa
Me afogar em tua lagoa
Quero ser feliz!
Arrancando-lhe a raiz
Causando-lhe dor
Molhando minha terra seca
Com o sangue do teu amor.
Que assim sejas!
Era noite alta;
Quando você pisou nos cômodos de minha casa;
Tinha a elegância fina do cinema;
E a leveza clássica de um poema;
Teu perfume tomou o corredor;
E fez-se claro o breu dos meus umbrais;
Em teu olhar jazia um punhal;
Que logo faria submeter-me a tudo;
Desesjos teus, carnais;
Era louca e vaidosa;
E tinha a pele tão sedosa;
Que ao encostar em mim teus lábios;
Tua cintura escorregou em meus braços;
Morena, visita minha oportunista;
Seria gueixa ou artista?
Que seja noite, gueixa e arte enquanto ficas!
Fugitiva do teu lar;
Veio buscar um pouco de amor;
De perigo e talvez, dor;
Se teu marido não te dar o que desejas;
Eu te direi também: Que assim sejas!
Eu quero o tiro bem dado na minha testa;
Quero o poder de ser o teu bandido;
Quero ser no fogo o teu carvão;
O teu refúgio nas noites de solidão;
Sem te lembrar dos filhos;
E ser assim minha mulher;
Evangélica e fetichista;
Saindo de manhã pela janela;
Viúva de teus atos;
Colericamente agradecida.
Quando você pisou nos cômodos de minha casa;
Tinha a elegância fina do cinema;
E a leveza clássica de um poema;
Teu perfume tomou o corredor;
E fez-se claro o breu dos meus umbrais;
Em teu olhar jazia um punhal;
Que logo faria submeter-me a tudo;
Desesjos teus, carnais;
Era louca e vaidosa;
E tinha a pele tão sedosa;
Que ao encostar em mim teus lábios;
Tua cintura escorregou em meus braços;
Morena, visita minha oportunista;
Seria gueixa ou artista?
Que seja noite, gueixa e arte enquanto ficas!
Fugitiva do teu lar;
Veio buscar um pouco de amor;
De perigo e talvez, dor;
Se teu marido não te dar o que desejas;
Eu te direi também: Que assim sejas!
Eu quero o tiro bem dado na minha testa;
Quero o poder de ser o teu bandido;
Quero ser no fogo o teu carvão;
O teu refúgio nas noites de solidão;
Sem te lembrar dos filhos;
E ser assim minha mulher;
Evangélica e fetichista;
Saindo de manhã pela janela;
Viúva de teus atos;
Colericamente agradecida.
Ladeiras, casas e ruas
A rua de casas que sonhava
Era tosca e amanhecida
Tinha o aspecto cúmplice de todo sonho
Ora era cinza
Noutra lua cheia
Mas nenhuma rosa
Nenhuma bandeira
Prozas para escutar
Gritos de crianças.
Ela era leve, envergonhada
Como a moça da calçada
Disfarçando o amor
E na minha devoção de casas
Na minha indecisão de porta
Eu andava sem um norte
Sem uma nota
Cantando uma canção, talvez, ja morta
Em meu coração bêbado de poeta.
A minha rua era enfeitada de fantasia
Uma saudade estreita de minha infância
Sensação acortinada
Determinada pela maneira que eu subia
Para o centro do meu sonho
As ladeiras rubras da poesia.
A rua de casas que sonhava
Era tosca e amanhecida
Tinha o aspecto cúmplice de todo sonho
Ora era cinza
Noutra lua cheia
Mas nenhuma rosa
Nenhuma bandeira
Prozas para escutar
Gritos de crianças.
Ela era leve, envergonhada
Como a moça da calçada
Disfarçando o amor
E na minha devoção de casas
Na minha indecisão de porta
Eu andava sem um norte
Sem uma nota
Cantando uma canção, talvez, ja morta
Em meu coração bêbado de poeta.
A minha rua era enfeitada de fantasia
Uma saudade estreita de minha infância
Sensação acortinada
Determinada pela maneira que eu subia
Para o centro do meu sonho
As ladeiras rubras da poesia.
Lembrança
Minha mente esta cansada
Mergulhada num jarro de água quente
Debruçados, meus braços,
Percorrem as prateleiras
Em busca de uma poeira
Estórias de um livro antigo
Me vejo em frente a mim mesmo
Procurando algo que esqueci no quarto
Enxugo meus olhos umidecidos
Me ponho a falar baixinho, seu nome
Minha Pequena...
Lembro do teu corpo
E do teu carinho
Da menina que conheci criança
Trôpego, levanto e abro
A janela para entrar o vento
Vejo a lua, vejo as estrelas
Vejos as nuvens em movimento
Tudo é vida
Tudo pulsa
E tuas lembranças ainda impulsam
Meus pensamentos.
Mergulhada num jarro de água quente
Debruçados, meus braços,
Percorrem as prateleiras
Em busca de uma poeira
Estórias de um livro antigo
Me vejo em frente a mim mesmo
Procurando algo que esqueci no quarto
Enxugo meus olhos umidecidos
Me ponho a falar baixinho, seu nome
Minha Pequena...
Lembro do teu corpo
E do teu carinho
Da menina que conheci criança
Trôpego, levanto e abro
A janela para entrar o vento
Vejo a lua, vejo as estrelas
Vejos as nuvens em movimento
Tudo é vida
Tudo pulsa
E tuas lembranças ainda impulsam
Meus pensamentos.
Epicurismo
Quero beber o fel e deliciar-me
E assim devagar tuas costas arranhar
Sentir o sangue que brota do teu beijo
E a espuma escura borbulhando em teu ventre
Quero te bater e ferir tua canção
Esnobar tua arte delicada
Deixar acesa a alma de angustia e paixão
Te ver chorar e rir
Querer comigo ir mais forte e além
Onde a morte resiste
E o amor é bem triste
E ver assim você gozar de dor
Com muito ódio e pouco amor
Aqui, agora e para sempre!
Homenagem ao poeta Charles Baudelaire
"Que é o amor?A necessidade de sair de si.O homem é um animal adorador. Adorar é sacrificar-se e prostituir-seAssim, todo amor é prostituição".
EMBRIAGUEM-SEÉ preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Baudelaire.
Soneto do nascer da consciência
Quando eu gritei
Do quarto escuro em que estava
Onde meu choro não mais me amparava
Foi quando percebi que quem eu amava. Eu matei!
Sequei os olhos, abri a porta e vi a luz,
Ofuscando o peito da amada na cerâmica
E no seu rosto eu vi minha figura lânguida
Fui à cozinha e pus no prato um pedaço de cuscuz
A fome, o corte, o gozo, a morte
Esperarei atento a minha sorte
Quando cair com a cabeça em meu colchão
A consciência é a madrasta imaculada
Que conheci após ferir o peito da amada
E me trancar no quarto escuro em que gritei!
Do quarto escuro em que estava
Onde meu choro não mais me amparava
Foi quando percebi que quem eu amava. Eu matei!
Sequei os olhos, abri a porta e vi a luz,
Ofuscando o peito da amada na cerâmica
E no seu rosto eu vi minha figura lânguida
Fui à cozinha e pus no prato um pedaço de cuscuz
A fome, o corte, o gozo, a morte
Esperarei atento a minha sorte
Quando cair com a cabeça em meu colchão
A consciência é a madrasta imaculada
Que conheci após ferir o peito da amada
E me trancar no quarto escuro em que gritei!
Saudade
Quero pegar tua mão
E enrolar teus cabelos
Meus dedos lhe são, todo o tempo
Atenção
Quero teu olhar
A tua pele
Me revele teus sonhos.
Quero tua raiva
E doçura sem cura
Quero teu perdão
Tua sublime indecisão
Teu asco
Tua glória
E tambem quero não.
Agora quero
Te deixar em paz
E me deixar durmir
Com teu corpo de luz e escuridão
Com as mãos nos cabelos,
Deitados,
Joelho a joelho
Todo o tempo da paixão
Com luxuria
Mistura de cor
Ou sentimento
Quero tudo bem solto
Inconsistente e indefinido
Sem nenhum motivo
Para acabar.
Quero amar o fólego
Abrir o peito
E me deixar cair em teus
Braços, noivos de mim
Saber partir o pão
E mandar presentes
Querer te dar toda a indiferente melodia
A alegria confusa
Indecifrada
De um dia sem ti.
Ao tempo em que me chega
Um vento triste
Lamentoso
Buscando uma ponta
Um ponto de lembrança tua
Valsando com minha angustia
Nua
No salão deserto
Sem convidados
De portões abertos
E sem telhados
Nesta cidade, minha,
Saudade.
Mas não me espere
Não me guarde
Não me governe
Nem me ilumine
Santo anjo pecador
Se a ti me confiou a liberdade divina
Nunca me reze
Nem me arrase
Nunca afaste de mim
Esta sua, saudade
Que vaga
Ora queita
Ora empolgada
Indiscreta
Perfeita, malvada
Delegada
Desta prisão
Reservada a mim.
E enrolar teus cabelos
Meus dedos lhe são, todo o tempo
Atenção
Quero teu olhar
A tua pele
Me revele teus sonhos.
Quero tua raiva
E doçura sem cura
Quero teu perdão
Tua sublime indecisão
Teu asco
Tua glória
E tambem quero não.
Agora quero
Te deixar em paz
E me deixar durmir
Com teu corpo de luz e escuridão
Com as mãos nos cabelos,
Deitados,
Joelho a joelho
Todo o tempo da paixão
Com luxuria
Mistura de cor
Ou sentimento
Quero tudo bem solto
Inconsistente e indefinido
Sem nenhum motivo
Para acabar.
Quero amar o fólego
Abrir o peito
E me deixar cair em teus
Braços, noivos de mim
Saber partir o pão
E mandar presentes
Querer te dar toda a indiferente melodia
A alegria confusa
Indecifrada
De um dia sem ti.
Ao tempo em que me chega
Um vento triste
Lamentoso
Buscando uma ponta
Um ponto de lembrança tua
Valsando com minha angustia
Nua
No salão deserto
Sem convidados
De portões abertos
E sem telhados
Nesta cidade, minha,
Saudade.
Mas não me espere
Não me guarde
Não me governe
Nem me ilumine
Santo anjo pecador
Se a ti me confiou a liberdade divina
Nunca me reze
Nem me arrase
Nunca afaste de mim
Esta sua, saudade
Que vaga
Ora queita
Ora empolgada
Indiscreta
Perfeita, malvada
Delegada
Desta prisão
Reservada a mim.
Homem moderno
Serei sempre um traidor de minha patria
Pois sou filho da natureza morta
Sem brilho
Incomum
Querendo sorver tudo que é movimento
Buscando o oculto
O sem nome
O distante
O improvável
O julgar do fruto que ja nasce podre
Serei sempre um passageiro deserto
Sem virtudes
Inabilitado a qualquer atividade
Doente
Pragmático
Um vil, ardil,
Homem moderno
Cintilado de fome hedonista
Um caçador egoísta
Perseguido pela própria ilusão
E para fugir desta minha problemática
Invento uma tática
Idiota, asmática
Dizendo que não.
Pois sou filho da natureza morta
Sem brilho
Incomum
Querendo sorver tudo que é movimento
Buscando o oculto
O sem nome
O distante
O improvável
O julgar do fruto que ja nasce podre
Serei sempre um passageiro deserto
Sem virtudes
Inabilitado a qualquer atividade
Doente
Pragmático
Um vil, ardil,
Homem moderno
Cintilado de fome hedonista
Um caçador egoísta
Perseguido pela própria ilusão
E para fugir desta minha problemática
Invento uma tática
Idiota, asmática
Dizendo que não.
*Paul Gauguin-auto-retrato com halo, 1889.
Dias de chuva
Dias de chuva
O azulejo vermelho daqui de casa
Me lembra doce, a goiabada
A janela velha empoeirada
A triste tarde da chapada
A nevoa branca da madrugada
Os lençóis da cama azul e rosa
Nos dias de chuva
Toda lama do terreno
Lembra a cor da touca no teu cabelo
Os insetos cantando, violinos perdidos
Vozes de sapos e grilos
O céu preto de setembro
Eu me lembro dos dias tristes
Das longas tardes de chuva
Toda turma encapuzada
Numa malha fina de compaixão
Na vereda incerta do dia seguinte
Onde iremos todos acordar
O azulejo vermelho daqui de casa
Me lembra doce, a goiabada
A janela velha empoeirada
A triste tarde da chapada
A nevoa branca da madrugada
Os lençóis da cama azul e rosa
Nos dias de chuva
Toda lama do terreno
Lembra a cor da touca no teu cabelo
Os insetos cantando, violinos perdidos
Vozes de sapos e grilos
O céu preto de setembro
Eu me lembro dos dias tristes
Das longas tardes de chuva
Toda turma encapuzada
Numa malha fina de compaixão
Na vereda incerta do dia seguinte
Onde iremos todos acordar
Vai durmir
Vai durmir morena
Que teu corpo quer descansar
O dia foi longo, a luta foi dura
E ninguem vai em teu lugar
Vai morena durmir
Os teus olhos fatigados querem fechar
E daqui vejo os teus ombros cair
Vai morena deitar
Vai sonhar com momentos felizes
Viajar nos teus paises
De filhas, castelos e cores
Dos amores dos muitos domingos
De sabores e fúteis caprichos
Que nunca pudera provar
Vai durmir,
Para amanha não acordar sentida
Da tristeza de tua vida
Morena de beira mar
Vai contar tua dor pro mundo
A procura do teu amor
Que nunca se importou por ti
Vai depressa que o tempo vem ai
E logo logo vai sentir
A dor lhe socorrer
Vai olhar por cima do muro
E enxergar o teu futuro
Logo quando amanhecer
Pois o tempo ja passou
E so tu morena esperou
O dia escurecer.
Que teu corpo quer descansar
O dia foi longo, a luta foi dura
E ninguem vai em teu lugar
Vai morena durmir
Os teus olhos fatigados querem fechar
E daqui vejo os teus ombros cair
Vai morena deitar
Vai sonhar com momentos felizes
Viajar nos teus paises
De filhas, castelos e cores
Dos amores dos muitos domingos
De sabores e fúteis caprichos
Que nunca pudera provar
Vai durmir,
Para amanha não acordar sentida
Da tristeza de tua vida
Morena de beira mar
Vai contar tua dor pro mundo
A procura do teu amor
Que nunca se importou por ti
Vai depressa que o tempo vem ai
E logo logo vai sentir
A dor lhe socorrer
Vai olhar por cima do muro
E enxergar o teu futuro
Logo quando amanhecer
Pois o tempo ja passou
E so tu morena esperou
O dia escurecer.
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