Sou barro do chão que nunca foi pisado
Areia branca que nunca soprou
Capim molhado que ainda não foi castrado
Peneira enferrujada, enxada de plantador
Eu sou os campos serenos de mata virgem
Eu sou fuligem de carros que nunca vi
Eu sou a selva fechada, a mala velha
Meu amor sou sentinela que nunca ousou dormir
E no meu peito passava um grande rio
O mesmo rio que nunca atravessou
Molhava os pés, bebia uma mão de água
Saia sem dizer nada e o tempo assim passou
Eu fui pisado, virei redemoinho
Os bois comeram o capim do meu amor
E eu cessei minha dor com a peneira
Com enxada fiz besteira lutando com os lavrador
Os nossos campos foram devastados
O grande rio o homem transportou
Os empresários tomaram as nossas terras
Fizeram monte de guerra, isso nunca se acabou
Vieram os carros, sobraram poucas carroças
E as pessoas começaram a se mudar
Os povoado, a terra, o universo
Para mim sobrou o verso, não conseguiram tirar
O meu lamento é que nem o dos passarinhos
O pouco ninho que não se derrubou
E meu amor ainda estar tão bela
Bebe água na janela, olhando pro que sobrou
Eu sou caboco do mato, sou catingueiro
Sou violeiro cantando a minha dor
Minha alegria é a minha poesia
Com gosto de água fria, que eu bebo no calor
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
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Massa Saci... cheiro de sertão!
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